sexta-feira, 5 de março de 2010

Despedida

Ela era apenas uma criança quando nós nos conheçemos. Eu, seu melhor amigo. Nós brincavamos na rua, jogávamos papel higiênico na casa do vizinho no Halloween, eramos uns pestinhas, resumidamente. O tempo passou, e quando vimos, já estávamos no Ensino Médio, pensando em qual faculdade cursar, vestibular, mas mesmo assim continuamos muito amigos. Éramos como se fossemos irmãos. Na nossa formatura, sabíamos que seria difícil nos encontrarmos dali pra frente, pois ela mudaria de cidade, e eu continuaria em nossa cidade natal. Mas ela não sabia de uma coisa. Eu era inteiramente e extremamente apaixonado por aquela garota que cresceu comigo. Uma vez a gente até se beijou, mas ela achou melhor se fosse só isso, pois não queria perder a amizade. Até que chegou o dia da viagem dela. Eu queria e não queria me despedir dela. E resolvi ficar em casa. Quando estava no sofá, pensando na vida, meu pai me perguntou por que eu não fui me despedir dela. Fiquei em silêncio. Meu pai chegou perto, sentou do meu lado, e disse: " Filho, vá. Eu sei que você ama esta menina, mas você não pode deixar esse amor acabar assim. Vai, pegue a chave do meu carro, ainda dá tempo!". Meu pai estava certo. Peguei a chave e saí correndo em direção ao carro. Entrei e dirigi com muita angústia. Não sabia se daria tempo. Quando cheguei no aeroporto, não conseguia cahar uma vaga! Procurei por um longo tempo, e nada. Acabei estacionando numa vaga de idosos. O tempo perdido era enorme, e não tinha outra vaga. Saí correndo pelo aeroporto, procurando por ela. Derrepente, avistei a mala enorme dela. Só podia ser dela! Quem mais teria uma enorme mala roxa?  Não hesitei nenhum momento. " SUZANA!" . Era ela! Era ela! Ela virou o rosto e deu um leve sorriso, parou no meio do caminho. Cheguei mais perto, e começei a falar. 
- Suzana, você não pode ir embora. Fique aqui, por favor!
- Mas, eu...
- Nada de mas! - interrompi-a e lhe dei um beijo.
Ela retribuiu o beijo. Mas não sentia paixão nele, era como se fosse um adeus.
- Querido...- ela falou- eu não posso. Me desculpe, sério, mas a minha vida tem que continuar! Não posso ficar presa aqui pra sempre!
- Não, por favor não.- começei a dizer- Su, eu te amo.
Ela suspirou, encarou meus sapatos desamarrados, e me deu um abraço.
- Desculpe...
O voo dela foi chamado.
- Eu tenho que ir. Mas eu te ligo quando eu chegar, pode ser? - ela me disse, com lágrimas nos olhos. Me deu um beijo em minha bochecha e partiu, em direção a plataforma de embraque.
Fiquei esperando o avião dela partir, com esperanças de que ela sairia do avião.Ela não saiu. Fui embora com um grande vazio no peito, e uma multa no parabrisa do carro.



Flashback



Me olhei no espelho. Na verdade, nunca gostei de me arrumar. Mas hoje era diferente. Por questão de respeito, devia ficar um pouco mais... decente. Fechei o zíper da minha saia de cintura alta, penteei o meu longo cabelo negro, passei um batom cor de boca, coloquei um sapato de salto. Ai, como odeio saltos! Repeti para mim mesma que era só por hoje. Me encarei no espelho. Sempre usei roupas pretas, mas dessa vez era diferente. Uma lágrima escapou do canto do meu olho. Sequei-a e desci as escadas. Minha mãe já estava me esperando no carro. O caminho até a igreja foi bem normal, na verdade, bem quieto. Nós duas ainda estávamos muito tristes com o acontecimento. Chegamos na igreja. A cada passo que dava, uma lembrança.
A primeira conversa...
Eu estava sentada, esperando que tocasse o sinal, com os meus fones de ouvido no último volume, escutando bem alto Pink Floyd com uma camiseta do AC/DC. Derrepente fui cutucada. Tiro meus fones, e olho com uma cara de indignação olho pra aquele garoto. “Isso aí... isso aí que você está escutando, é Pink Floyd?”. “É sim, por que?” “Nada não, é que não é comum uma garota como você”, ele dá um meio sorriso e estende sua mão .“Alex, Alex Fischer”. Estendo a minha também “Kate Shielder”. E sorrio de volta, talvez um pouco tímida.
O primeiro beijo...
Estávamos no cinema antigo, vendo Charles Chaplin, meu artista favorito. Dei uma gargalhada estranha, fiquei toda vermelha, e ele riu de mim. Ele pegou a minha mão e começou a falar. “Não precisa ter vergonha. Afinal, eu amo o jeito que você ri. Eu amo quando você fica revoltada quando tem que arrumar o quarto. Eu... eu te amo”. Dei o maior sorriso possível, mordi meus lábios, fechei lentamente meus olhos, pensando se não era uma ilusão. Mas era a realidade, a felicidade completa. Nossos rostos se aproximaram, nossos lábios se tocaram.
A visita ao hospital...
Nós já estávamos namorando fazia meses. E a aquele ponto já sabia de sua doença. Câncer não é uma coisa muito fácil de lidar. E vê-lo naquele estado soube que nosso tempo era curto.
A última vez que ele me disse ‘eu te amo’.
Seu último suspiro.
Os médicos tentando reanimá-lo.
A morte.
O funeral foi algo bem simples e rápido. Todos choravam, e me consolavam toda hora. Mas eu tinha que ser forte. Eu sabia que Alex não queria me ver chorando. E todos foram embora, inclusive minha mãe. As luzes se apagaram, e eu pedi ao pastor um tempo só. E eu o vi, sentado ao meu lado. Parecia um fantasma. Mas era tudo da minha cabeça. Senti suas mãos me tocando. Escutei sua respiração. Senti como se ele tivesse entrado em mim, no meu coração. Abaixei minha cabeça, encarando o chão. Imaginei como seria se ele nunca estivesse com aquela maldita doença. Chorei de saudades. Me despedi dele, não querendo fazer isso. Fui embora, deixando a chuva lavá-lo de mim.
Oiii lindos. então, concurso da capricho, tentativa mal sucedida de fazer um romance assombrado. mas eu realmente gostei desse texto. se pudesse ter mais de 500 palavras iria ter ficado bem melhor. mas mesmo assim, curti. e ai, o que acharam? bjsss

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