domingo, 7 de março de 2010

Alma

E o mundo a minha volta parou. O canto dos passáros não era mais algo bonito de se ouvir. Pois não havia mais passáros, e não havia mais canto. E não havia mais música. Só havia eu. E retesado contra a escuridão, existia uma outra coisa. As borboletas. Dentro de meu ventre, se remexiam e me deixavam sem ar. Mas queria entender o que diabos era tal sensação. Como se fosse excomungado e negado o paraíso, sabia que tudo a minha volta remetia a isso. Mas mesmo assim, eu não conseguia tocar o vazio. Havia algo mais, e esse algo mais era a certeza de que haveria de me tornar meu pior inimigo. E sabia que a ultima luta estava próxima e que o ultimato empregado já estava a cobrar de minhas forças. Afinal de contas, o que sobra a um homem que o céu lhe foi negado? Deus lhe havia dado as costas e o Diabo fez o mesmo. Ninguem o desejava. Nem a hóstia divina do pai, tampouco o pão amassado por Belzebu ele obteria. A sensação de solidão e vazio já eram suas antigas companheiras. Mas agora tinha algo mais. Delas ele retirava a chama que flamulava em seu peito. Mas agora ela apagou, dando espaço às borboletas. Ser sem objetivo e sem pretensões, sem pátria e sem nação, sem poder algum, mas com o poder da decisão. Mas que adianta arrematar decisões se essa decisões agora o levavam para lugar algum. Seu objetivo foi retirado, e assim sua alma.

Alma que nem o bem e nem o mal desejavam.
Pode assim definhar.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Asas.

Absoluto incompleto me tragou para dentro de mim. Minhas sensações se confudem com minhas emoções e já perco noção de importante e supérfluo. Não sei como está disposta a composição de minha mente, mas sei que estou confuso. Me ensinaram a voar mas não me deram asas para tal. Quero minhas asas, por mais asas que possa ter minha vida inteira, elas não eram de se admirar, e eram curtas, e o fogo de meus desejos parecia arder por vontade de ser apagado. Era só isso que acontecia mesmo. Um ruflar de asas alheias e poeira cobria meus anseios. Cansei de se ofuscado pelo brilho de plumagens alheias. E a exaustão me tomou a esperar que o valor devido fosse dado aos meus feitos. Só queria que florescesse a primavera da minha vida de uma vez por todas. O inverno anda rigoroso demais, e o fogo arde com muito fervor no verão.

Vagando solitário pela noite, numa noite de outono eu vejo.

Sei lá se quero saber o que você pensa, estou enjoado dos seres humanos, quero me prender em mim mesmo e nunca escapar. Será que você é o mesmo que eu? Eu só quero ser melhor e melhor a cada dia, e cada pena nova de minha asa ser melhor que a anterior, para alcançar um posto mais alto nos escalões dos arcanjos. Mas quanto mais alto subo, a ventania me puxa para baixo e me depena. Eu só queria ser alguem para mim, pois desisto de ser alguem para os outros.
Plenitude é o que busco. em qualquer aspecto, em qualquer lugar.

E Voar até alcançar a mais alta estrela.
E queimar-me com o fogo da estrela maior.
E não me importar.

And the inside laughter grows as the greedy wolf knows
That the blossom in my face isn't the spring weather show
And neither the inside self grown
It's the well known splinter
and the tears.
The beast laugh as he sees the tear.

My star has faded away, my own is shaded.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Despedida

Ela era apenas uma criança quando nós nos conheçemos. Eu, seu melhor amigo. Nós brincavamos na rua, jogávamos papel higiênico na casa do vizinho no Halloween, eramos uns pestinhas, resumidamente. O tempo passou, e quando vimos, já estávamos no Ensino Médio, pensando em qual faculdade cursar, vestibular, mas mesmo assim continuamos muito amigos. Éramos como se fossemos irmãos. Na nossa formatura, sabíamos que seria difícil nos encontrarmos dali pra frente, pois ela mudaria de cidade, e eu continuaria em nossa cidade natal. Mas ela não sabia de uma coisa. Eu era inteiramente e extremamente apaixonado por aquela garota que cresceu comigo. Uma vez a gente até se beijou, mas ela achou melhor se fosse só isso, pois não queria perder a amizade. Até que chegou o dia da viagem dela. Eu queria e não queria me despedir dela. E resolvi ficar em casa. Quando estava no sofá, pensando na vida, meu pai me perguntou por que eu não fui me despedir dela. Fiquei em silêncio. Meu pai chegou perto, sentou do meu lado, e disse: " Filho, vá. Eu sei que você ama esta menina, mas você não pode deixar esse amor acabar assim. Vai, pegue a chave do meu carro, ainda dá tempo!". Meu pai estava certo. Peguei a chave e saí correndo em direção ao carro. Entrei e dirigi com muita angústia. Não sabia se daria tempo. Quando cheguei no aeroporto, não conseguia cahar uma vaga! Procurei por um longo tempo, e nada. Acabei estacionando numa vaga de idosos. O tempo perdido era enorme, e não tinha outra vaga. Saí correndo pelo aeroporto, procurando por ela. Derrepente, avistei a mala enorme dela. Só podia ser dela! Quem mais teria uma enorme mala roxa?  Não hesitei nenhum momento. " SUZANA!" . Era ela! Era ela! Ela virou o rosto e deu um leve sorriso, parou no meio do caminho. Cheguei mais perto, e começei a falar. 
- Suzana, você não pode ir embora. Fique aqui, por favor!
- Mas, eu...
- Nada de mas! - interrompi-a e lhe dei um beijo.
Ela retribuiu o beijo. Mas não sentia paixão nele, era como se fosse um adeus.
- Querido...- ela falou- eu não posso. Me desculpe, sério, mas a minha vida tem que continuar! Não posso ficar presa aqui pra sempre!
- Não, por favor não.- começei a dizer- Su, eu te amo.
Ela suspirou, encarou meus sapatos desamarrados, e me deu um abraço.
- Desculpe...
O voo dela foi chamado.
- Eu tenho que ir. Mas eu te ligo quando eu chegar, pode ser? - ela me disse, com lágrimas nos olhos. Me deu um beijo em minha bochecha e partiu, em direção a plataforma de embraque.
Fiquei esperando o avião dela partir, com esperanças de que ela sairia do avião.Ela não saiu. Fui embora com um grande vazio no peito, e uma multa no parabrisa do carro.



Flashback



Me olhei no espelho. Na verdade, nunca gostei de me arrumar. Mas hoje era diferente. Por questão de respeito, devia ficar um pouco mais... decente. Fechei o zíper da minha saia de cintura alta, penteei o meu longo cabelo negro, passei um batom cor de boca, coloquei um sapato de salto. Ai, como odeio saltos! Repeti para mim mesma que era só por hoje. Me encarei no espelho. Sempre usei roupas pretas, mas dessa vez era diferente. Uma lágrima escapou do canto do meu olho. Sequei-a e desci as escadas. Minha mãe já estava me esperando no carro. O caminho até a igreja foi bem normal, na verdade, bem quieto. Nós duas ainda estávamos muito tristes com o acontecimento. Chegamos na igreja. A cada passo que dava, uma lembrança.
A primeira conversa...
Eu estava sentada, esperando que tocasse o sinal, com os meus fones de ouvido no último volume, escutando bem alto Pink Floyd com uma camiseta do AC/DC. Derrepente fui cutucada. Tiro meus fones, e olho com uma cara de indignação olho pra aquele garoto. “Isso aí... isso aí que você está escutando, é Pink Floyd?”. “É sim, por que?” “Nada não, é que não é comum uma garota como você”, ele dá um meio sorriso e estende sua mão .“Alex, Alex Fischer”. Estendo a minha também “Kate Shielder”. E sorrio de volta, talvez um pouco tímida.
O primeiro beijo...
Estávamos no cinema antigo, vendo Charles Chaplin, meu artista favorito. Dei uma gargalhada estranha, fiquei toda vermelha, e ele riu de mim. Ele pegou a minha mão e começou a falar. “Não precisa ter vergonha. Afinal, eu amo o jeito que você ri. Eu amo quando você fica revoltada quando tem que arrumar o quarto. Eu... eu te amo”. Dei o maior sorriso possível, mordi meus lábios, fechei lentamente meus olhos, pensando se não era uma ilusão. Mas era a realidade, a felicidade completa. Nossos rostos se aproximaram, nossos lábios se tocaram.
A visita ao hospital...
Nós já estávamos namorando fazia meses. E a aquele ponto já sabia de sua doença. Câncer não é uma coisa muito fácil de lidar. E vê-lo naquele estado soube que nosso tempo era curto.
A última vez que ele me disse ‘eu te amo’.
Seu último suspiro.
Os médicos tentando reanimá-lo.
A morte.
O funeral foi algo bem simples e rápido. Todos choravam, e me consolavam toda hora. Mas eu tinha que ser forte. Eu sabia que Alex não queria me ver chorando. E todos foram embora, inclusive minha mãe. As luzes se apagaram, e eu pedi ao pastor um tempo só. E eu o vi, sentado ao meu lado. Parecia um fantasma. Mas era tudo da minha cabeça. Senti suas mãos me tocando. Escutei sua respiração. Senti como se ele tivesse entrado em mim, no meu coração. Abaixei minha cabeça, encarando o chão. Imaginei como seria se ele nunca estivesse com aquela maldita doença. Chorei de saudades. Me despedi dele, não querendo fazer isso. Fui embora, deixando a chuva lavá-lo de mim.
Oiii lindos. então, concurso da capricho, tentativa mal sucedida de fazer um romance assombrado. mas eu realmente gostei desse texto. se pudesse ter mais de 500 palavras iria ter ficado bem melhor. mas mesmo assim, curti. e ai, o que acharam? bjsss